A estudante Alyce Santos de Deus viralizou nas redes sociais ao publicar um vídeo que revelava a história de sua família. Na gravação, ela mostrou uma foto dos pais, em que o pai aparecia montado como drag queen ao lado da mãe. O registro gerou curiosidade e repercussão, levando a jovem a compartilhar detalhes de sua origem.
Filha de Sandra e Paulo, amigos desde a juventude, ela nasceu de uma decisão conjunta dos dois. A mãe, heterossexual, e o pai, homossexual, resolveram ter um filho sem recorrer a técnicas laboratoriais, como fertilização in vitro ou barriga solidária. “Eles me tiveram naturalmente”, contou Alyce em entrevista à Marie Claire.
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Segundo a jovem, a ideia partiu de Paulo, que sonhava em ser pai. Inicialmente, Sandra achou que se tratava de uma brincadeira, mas, anos depois, levou a proposta a sério. “Quando meu pai estava com 27 anos, ele começou a pensar que já estava ficando velho e, então, a conversa com a minha mãe ficou séria, porque ela também parou para pensar nisso. Eles me tiveram naturalmente, mas eu só vim mesmo na terceira tentativa”, relatou.
Desde cedo, Alyce cresceu ciente da orientação sexual do pai e da forma como foi concebida. “Desde pequena, meu pai queria que eu soubesse que ele é gay e como eu fui feita, não exatamente como, mas em que circunstâncias. […] Eu faço questão de introduzir esse fato nas três primeiras conversas”, disse.
Ela afirma que prefere trazer o tema logo no início de novas relações, sejam amorosas ou de amizade, para evitar situações de preconceito contra os pais: “Tenho receio de encontrar alguém que fale alguma coisa bizarra sobre a minha família e que me magoaria. Sei que estamos em uma época bem mais moderna, mas ainda tenho esse cuidado”.
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Apesar da repercussão positiva, Alyce também relata episódios de preconceito, principalmente contra o pai. “Eu não esperava passar por isso depois de adulta. Há pouco tempo, um garoto fez umas piadas homofóbicas logo que comentei que o meu pai era gay. Achei aquilo muito estranho e cortei o contato totalmente”, declarou.
A estudante reconhece que chegou a reproduzir falas conservadoras em função da influência religiosa, mas que isso mudou ao longo do tempo com apoio dos pais. “Eu falava coisas com as quais nem me identifico. Por um ou dois anos, eu reproduzi aqueles pensamentos, mas depois, eu e minha mãe pararam de frequentar a igreja e eu fui amadurecendo. Meus pais conversaram muito comigo no processo”.
Na vida familiar, Alyce afirma que sempre recebeu amor e liberdade. Criada pela mãe, manteve convivência constante com o pai, que nunca deixou de participar de sua criação. “Eles nunca tiveram nada além de uma amizade e a relação deles é muito boa”, garantiu.
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Para Alyce, o episódio abriu espaço para discutir o respeito às diferentes formas de organização familiar: “As pessoas julgam muito as coisas que são vistas como ‘fora do padrão’, mas famílias como a minha são funcionais, elas existem e elas têm que ser respeitadas”.
Ela reforça que a base da família é o cuidado e o afeto. “Muitas vezes, as famílias que estão ‘fora dos padrões’ são até mais amorosas do que uma família tradicional. O importante é que exista carinho”, finalizou.
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