O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca nos Estados Unidos neste domingo (21/9) para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A visita ocorre em um cenário de aumento nas tensões diplomáticas com o governo do presidente Donald Trump, motivadas pela recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pela possibilidade de novas tarifas comerciais contra o Brasil e pelas restrições de visto impostas à comitiva brasileira. Essas medidas levaram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a cancelar sua ida ao evento, alegando ter se sentido “humilhado”.
Lula está escalado para abrir oficialmente a assembleia na terça-feira (23/9), conforme tradição. Em seu discurso, a expectativa é que ele reforce seu compromisso com o livre comércio, critique novamente a política de tarifas adotada por Trump, condene conflitos armados e reafirme que a democracia e a soberania do Brasil não estão sujeitas a negociações com os EUA.
Além da fala na ONU, o presidente brasileiro também participará de encontros bilaterais e de eventos paralelos. Um dos compromissos previstos é o painel “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, que ocorrerá na quarta-feira (24/9), em Nova York, sem a participação oficial dos Estados Unidos.
As tensões se intensificaram após o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, prometer uma resposta à condenação de Bolsonaro, que foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em resposta, o Itamaraty afirmou que ameaças como essa não intimidam a democracia brasileira.
Para mitigar os impactos das tarifas impostas por Washington, o governo Lula lançou a medida provisória chamada Plano Brasil Soberano, com foco em apoiar exportadores, especialmente os de pequeno porte. As ações incluem autorização para que estados adquiram produtos perecíveis destinados à exportação e os redirecionem para programas sociais, liberação de R$ 30 bilhões em crédito subsidiado, ampliação do Reintegra e extensão do regime de drawback.
Em artigo publicado no The New York Times no domingo (14/9), Lula defendeu a decisão do Supremo Tribunal Federal e rejeitou a ideia de que há uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, expressão usada por Trump e seus aliados. O presidente reiterou que está disposto a dialogar sobre temas de interesse mútuo, mas que os princípios democráticos e a soberania nacional são inegociáveis.


