O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou duramente a decisão dos Estados Unidos de enviar navios de guerra para a costa venezuelana. Durante um discurso realizado na quinta-feira (28/8), vestido com uniforme militar e acompanhado por suas tropas, Maduro afirmou que o país está preparado para enfrentar qualquer tipo de pressão vinda de Washington. “Sanções, bloqueios, guerra psicológica ou assédio não funcionarão. Eles não conseguiram e não conseguirão entrar na Venezuela”, declarou o líder venezuelano.
A declaração ocorre em meio a uma escalada nas tensões entre os dois países. O governo de Donald Trump justificou o envio das embarcações como parte de uma operação contra o narcotráfico na América do Sul, alegando que grupos criminosos atuam na região. Recentemente, os EUA chegaram a acusar Maduro de comandar o cartel de drogas conhecido como Los Soles, embora não tenham apresentado provas conclusivas.
Analistas avaliam que a frota enviada ao sul do Caribe é desproporcional para uma simples ação contra o tráfico. Um esquadrão anfíbio, por exemplo, poderia ser usado para uma invasão terrestre. Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que, em um primeiro momento, uma invasão terrestre pode ser inviável, mas um bombardeio é possível.
“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.
Em resposta, Maduro afirmou que conta com apoio internacional para enfrentar as ameaças dos Estados Unidos. O governo venezuelano ativou uma operação de defesa que inclui navios, helicópteros, drones e o deslocamento de 15 mil soldados para a fronteira com a Colômbia. “Estamos mais preparados hoje do que ontem e temos mais aliados internacionais do que nunca. Para cada ameaça, daremos uma resposta”, acrescentou o presidente.
Enquanto isso, em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, reforçou o posicionamento do governo Trump. Ela afirmou que o presidente norte-americano está disposto a utilizar todos os recursos do país para combater o narcotráfico e responsabilizar os envolvidos. “Trump foi claro: usará todo o poder dos EUA para impedir que drogas entrem em nosso território e levar os culpados à Justiça. O regime de Maduro não é legítimo; trata-se de um cartel de narcoterrorismo”, afirmou Leavitt, sem confirmar oficialmente o número de militares enviados à região.


