Ivana Nikoline Brønlund, jovem de 18 anos e natural da Groenlândia, teve sua filha retirada de seus braços apenas uma hora após o parto por autoridades dinamarquesas. A justificativa foi a reprovação em um teste de “competência parental”, mesmo após a Dinamarca ter aprovado uma lei que proíbe esse tipo de avaliação para pessoas de origem groenlandesa, por considerá-lo discriminatório.
A mãe compartilhou sua dor nas redes sociais, relatando que Aviaja-Luuna, sua filha, foi afastada do ambiente familiar e do carinho de pessoas próximas, como a avó, o tio e uma amiga próxima. Em um dos desabafos, Ivana descreveu a perda como o momento mais marcante de sua vida, dizendo que até o cheiro da filha, guardado em um cobertor, desapareceu com o tempo.
Em outra publicação, ela expressou seu sofrimento ao afirmar que, embora tenha plena capacidade de cuidar da filha, foi julgada por uma única psicóloga. Ivana, que já integrou seleções juvenis de handebol da Groenlândia, também denunciou a ausência de apoio psicológico, mesmo após promessas de assistência. Segundo ela, a prefeitura não disponibilizou profissionais especializados, recomendando apenas o contato com parteiras ou enfermeiras.
Os testes de competência parental, conhecidos como FKU, foram proibidos no início do ano para cidadãos de origem groenlandesa, após críticas de que eram inadequados culturalmente para inuítes. Apesar disso, a prefeitura alegou que Ivana “não era suficientemente groenlandesa” para se beneficiar da nova legislação — mesmo sendo nascida na Groenlândia e filha de pais groenlandeses. A decisão também teria sido influenciada por traumas familiares, como o histórico de abuso sexual de seu pai adotivo, atualmente preso.
A situação gerou indignação e protestos na Groenlândia, com manifestações planejadas em cidades como Nuuk, Copenhague, Reykjavík e Belfast. Atualmente, Ivana pode visitar a filha apenas duas vezes por mês, sob supervisão, por um período de duas horas. O recurso contra a decisão será analisado em 16 de setembro. A ministra dinamarquesa dos Assuntos Sociais, Sophie Hæstorp Andersen, declarou preocupação com o caso e exigiu esclarecimentos do município responsável.


