A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS iniciou seus trabalhos em 20 de agosto com uma vitória da oposição, que conseguiu eleger Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente e Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator, contrariando as indicações do governo. A articulação para essa vitória envolveu uma manobra durante a ausência de parlamentares da base governista, que foram substituídos por suplentes alinhados à oposição.
Apesar da derrota na formação da cúpula da comissão, o governo conseguiu evitar maiores desgastes ao barrar convocações consideradas sensíveis, como a do sindicalista Frei Chico, irmão do presidente Lula. Carlos Viana afirmou que, por ora, a CPMI se concentrará em pessoas já ligadas a desvios no INSS e que novas convocações dependerão de provas.
A comissão foi criada para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), reveladas por reportagens do portal Metrópoles a partir de dezembro de 2023. As matérias mostraram que entidades arrecadaram até R$ 2 bilhões em descontos de aposentados, muitas vezes de forma fraudulenta. A repercussão levou à abertura de inquérito pela Polícia Federal e à deflagração da Operação Sem Desconto, que resultou na queda do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Entre as primeiras medidas da CPMI, está a convocação de ministros da Previdência desde 2015 e de presidentes do INSS dos últimos 10 anos, além de figuras como Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”. A comissão tem 16 titulares e 16 suplentes, incluindo nomes de perfil mais radical, como os parlamentares Magno Malta (PL-ES) e Marcel Van Hattem (PL-RS), mas a maioria pertence a blocos com histórico de sustentação ao governo, o que pode limitar o alcance das investigações.
Como reação à derrota na CPMI, a federação Brasil da Esperança (PT, PV e Rede) deixou o maior bloco da Câmara dos Deputados, liderado por Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizando um possível reposicionamento estratégico da base governista no Congresso.


