A Polícia Civil de São Paulo prendeu, nesta segunda-feira (25/8), em Pernambuco, um homem acusado de ameaçar o youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca. A prisão foi autorizada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) após decisão judicial que determinou ao Google o fornecimento, em 24 horas, dos dados do e-mail usado para enviar as ameaças.
Segundo as autoridades, além das ameaças — incluindo de morte —, o suspeito armazenava e comercializava material infantil nas redes sociais. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, confirmou a prisão e elogiou o trabalho de investigação que levou à captura do criminoso.
Felca começou a receber ameaças após publicar, em 6 de agosto, um vídeo no YouTube denunciando casos de pedofilia e a chamada “adultização” de crianças nas redes sociais. O conteúdo viralizou, impulsionando debates sobre a exposição precoce de menores na internet. Um dos alvos da denúncia foi o influenciador Hytalo Santos, preso desde 15 de agosto por suspeitas de tráfico humano e exploração sexual infantil, em investigação conduzida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).
A Justiça paulista autorizou a quebra de sigilo de dados do autor das ameaças devido ao “risco concreto à integridade física” de Felca. O caso reforça a gravidade do fenômeno da adultização infantil, que, segundo especialistas, expõe crianças a comportamentos e responsabilidades inadequadas para sua idade, muitas vezes com conotações sexuais.
O psiquiatra Fábio Aurélio Leite, da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que a adultização ocorre quando crianças são levadas a adotar comportamentos típicos de adultos, sem a devida maturidade ou compreensão. Ele alerta que o problema não se limita às redes sociais e pode incluir, também, trabalho precoce, exposição midiática e responsabilidades excessivas no ambiente doméstico.
Apesar das ameaças, Felca afirmou que continuará com sua missão de conscientização e proteção das crianças. O caso também provocou reações no Senado, que aprovou a criação de uma CPI da Adultização para investigar o fenômeno em âmbito nacional.


