
Diante da crise orçamentária que afeta a ciência brasileira na última década, pesquisadores defendem o uso estratégico da Drosophila melanogaster — a popular mosca-das-frutas — como modelo experimental para impulsionar a produção científica de qualidade com recursos limitados. Com cerca de 75% de similaridade genética com genes humanos associados a doenças, a drosófila permite estudar processos biológicos fundamentais como envelhecimento, proliferação celular, comunicação neural e desenvolvimento.
Graças à facilidade de manipulação genética e ao ciclo de vida curto, a mosca já foi responsável por descobertas premiadas com seis prêmios Nobel. No Brasil, seu uso ainda é subaproveitado, apesar de representar uma alternativa até sete vezes mais barata que culturas celulares de mamíferos e dez vezes mais econômica que experimentos com roedores, sem perda de qualidade científica.
A adoção mais ampla da drosófila poderia contornar entraves regulatórios e financeiros, além de democratizar o acesso à pesquisa de ponta. Os autores do artigo, professores da UFRJ e USP, defendem que agências de fomento como CNPq, CAPES e FAPs criem editais específicos para promover o uso do modelo, fortalecendo a soberania científica nacional e garantindo inovação mesmo em tempos de austeridade.


