O relatório da Polícia Federal (PF) que embasa o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro por coação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito revela a atuação direta do pastor Silas Malafaia no incentivo ao descumprimento de medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, Malafaia demonstrava “adesão subjetiva ao intento criminoso” ao instigar Bolsonaro a violar as restrições, como a proibição de uso de redes sociais. O pastor enviou diversas mensagens por WhatsApp ao ex-presidente, solicitando que ele compartilhasse vídeos e mobilizasse parlamentares aliados para fazer o mesmo. Em uma das mensagens, Malafaia pressionou Bolsonaro dizendo: “Você é a voz!”. Em outro momento, escreveu: “Você é o líder”, reforçando a necessidade de engajamento político nas redes.
Essas mensagens ocorreram em torno das manifestações de 3 de agosto de 2025, das quais Bolsonaro não pôde participar presencialmente por decisão do STF, mas acompanhou por videochamada. Apesar da proibição judicial, a PF identificou que o ex-presidente tentou burlar as sanções usando redes sociais de terceiros para disseminar conteúdos relacionados aos atos e críticas ao ministro Alexandre de Moraes.
O celular de Bolsonaro, apreendido recentemente, revelou que no dia da manifestação ele encaminhou mais de 300 mensagens e vídeos em grupos de WhatsApp. Entre os conteúdos compartilhados estavam convocações para mobilizações, críticas às sanções impostas a Moraes com base na Lei Magnitsky, vídeos do ex-presidente dos EUA Donald Trump em apoio à “liberdade” e manifestações de autoridades brasileiras pedindo anistia para Bolsonaro.
Para a PF, essas ações configuram uma tentativa deliberada de driblar a ordem judicial e manter a influência política e social do ex-presidente, mesmo sob medidas restritivas. O uso de redes sociais de terceiros é apontado como estratégia central nessa tentativa de desobediência institucional.


